terça-feira, 7 de setembro de 2010

Flores pela Independência


Há muitos anos atrás - 1993 - morei em Cuba por três meses. Fui fazer o período especial do meu internato em Medicina. Foi uma experiência sensacional. Lembro-me de ter passado o sete de setembro lá. Cuba é uma nação que valoriza muito sua história, suas datas cívicas e quando cheguei para o dia de estudo, notei que algo estranho acontecia entre meus colegas... Nem me lembrava que era o dia da Independência do Brasil ... Os cubanos lembraram e fizeram uma surpresa... Ganhei flores e um presente. Fiquei tão emocionada. Anos e anos depois- 2005- fui morar nos EUA e lá fiquei por um ano e meio. Interessante eu ter morado em duas nações tão distintas e politicamente diversas. Sempre me identifiquei com os ideais socialistas, mas conheci pessoas libertárias e nada ideologicamente capitalistas nos EUA. Outra experiência que me foi fundamental. Quando voltei, voltei pensando em não ficar no Brasil. Recebi uma proposta irrecusável de trabalho e pensava em morar de vez nos EUA. Questões de visto me impossibilitaram de aceitar a proposta. Fiquei muito triste. Ao mesmo tempo, havia aquela vontade de ficar no Brasil... Nesse época, vi o filme Brasileirinho. Emocionei-me tanto quanto no dia em que recebi flores em Cuba. Enchi-me de um orgulho de ser brasileira. Tão difícil manter esse orgulho, quando nos deparamos com as dificuldades do Brasil... Contudo, tão fácil resgatá-lo quando ouvimos nossa música, entendemos nossa diversidade cultural, quando provamos nossa culinária e quando sentimos a alma guerreira do povo brasileiro! Hoje, em 7/9/10, fui tomada pela lembrança desses dois marcantes momentos de minha vida. Celebro o dia da Independência do Brasil em meu coração! Celebro a alegria de viver num país tão diverso e tão bonito, apesar de tudo de complexo que ainda temos para transformar!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010




Com as eleições se aproximando, tomo a liberdade de declarar para vocês o meu voto em Marco Tulio Paolino - 13713. Numa época de muita desconfiança em quem entra na política profissional, ouso acreditar em pessoas e propostas que busquem o exercício da política para o benefício coletivo.

Túlio é um amigo de longa data, com quem dividi minha trajetória no movimento estudantil. Na verdade, foi ele quem me captou para o movimento nos idos de 1988! Somos amigos desde então. Túlio foi militante do movimento estudantil nos anos oitenta – coordenador geral da AMES (secundarista), vice-presidente da UNIÃO ESTADUAL DOS ESTUDANTES (universitário), diretor do DCE da UFF, gestão da qual participamos juntos. Lutou pela volta da democracia ao Brasil, especialmente engajando-se na campanha pelas Diretas Já, e pelas bandeiras estudantis como o passe livre e a educação gratuita e pública.

Formado em História pela UFF, atua há vinte anos como professor nas redes privada e pública. É diretor do SEPE (sindicato estadual dos profissionais da educação), lutando também pela universalização da educação pública em todos os níveis, pela garantia ao acesso, à permanência e à qualidade na educação. Nos últimos cinco anos, uma nova luta apresentou-se, como paciente renal crônico, diante das imensas dificuldades do sistema público e privado de saúde.

Túlio é, acima de tudo,um homem íntegro. Ele é casado com minha grande amiga Izabel e pai de Tayná e Clara, minha linda afilhada. Mesmo diante de seu quadro de saúde atual, ele não deixou de sonhar, lutar e acreditar. Túlio é um guerreiro e, por tudo isso, tomo a liberdade de pedir a vocês que considerem o voto em Tulio nas eleições em 3 de outubro.

-- Professor Túlio 13713--

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Inclusão começa na infância

Ser uma pessoa inclusiva é uma construção que deveria começar na infância. Educação inclusiva, além de beneficiar as crianças com necessidades especiais, ajuda crianças ditas normais a aprender a conviver com a diferença. O diferente se torna habitual, parte do cotidiano e, portanto, menos assustador. Educação inclusiva faz dos pequenos, pessoas melhores. E todos nós podemos ser um pouco educadores inclusivos, mesmo fora da escola. Sinto isso nas minhas sobrinhas... Desde pequena, levo a mais velha para conhecer meus clientes... Ela teve medo no início, falamos sobre isso e ela foi elaborando. Outro dia fomos ao teatro com uma amiga que tem uma filha especial e minha sobrinha correu com ela tirando fotos com os atores da peça. A moça especial guiando minha menina. Não havia vergonha ali, apenas duas jovens felizes na sua tietagem! Minha sobrinha aprendeu a ser inclusiva! E me orgulho de ter ensinado isso a ela e me orgulho dela por ter aprendido. Inclusão se aprende! Não nasce com ninguém. Comecei meu trabalho com a outra sobrinha de dois anos. Ela viu uma vaquinha de brinquedo que comprei para uma paciente. Queria para ela. Contei a história da paciente, uma moça abandonada pela mãe e que vive nas ruas. Já fiz postagens sobre ela. Disse que minha paciente precisava do brinquedo mais do que ela. Minha menininha me deu o brinquedo de volta e falou: dá pra ela, ela não tem mamãe. Inclusão tem a ver com empatia, entendimento da diferença e do sofrimento do outro. Compreensão, mas não pena... Seguirei ensinando para ela e sonhando que minhas sobrinhas façam a sua parte para que esse mundo seja um pouco melhor e mais solidário quando elas crescerem.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Diferença Precisa ser TOLERADA!


Nessa madrugada, um menino de 14 anos foi assassinado barbaramente por membros de uma gang de Skinheads. Homofobia foi o motivo alegado como determinante para o crime. Horrores como esse permeiam o nosso estranho mundo. Um extremo a que pode ser levada a intolerância.Lembro de uma conversa com meus amigos de todo o mundo quando estávamos na especialização nos EUA. No intervalo de um workshop, começamos a conversar sobre o filme Brokeback Mountain e sua temática gay. Gente de vários países, lideranças de suas áreas e ainda assim profundamente marcadas pelo preconceito. A conversa me assustou, argumentei que nós que tínhamos algum papel de liderança e formação de opinião, nós tínhamos o dever de lutar contra os nossos preconceitos... Minha argumentação caiu no vazio... Acredito realmente que tolerância seja um exercício, uma busca, uma conquista e não algo que exista em nós. Tolerância precisa ser culturalmente construída e não é naturalmente adquirida. Devemos nos tornar tolerantes um pouco a cada dia. Brinco com os amigos mais próximos que me cobro toda vez que sinto não estar suportando a diferença de alguém. Situações como aquela velhinha tão lenta na fila do caixa do mercado contando moedas, quando eu estou logo atrás morrendo de pressa ou como aquele colega de trabalho com posições políticas tão diferentes das minhas... Nesses dias uma frase me persegue: Cuide-se você é uma pessoa inclusiva e tolerante!
Precisamos cuidar de nós para nos tornarmos tolerantes. Quando deixamos as crianças "zoarem" do amiguinho mais bobinho, quando olhamos com horror para uma pessoa deficiente ou doente mental, quando contamos piadas racistas, quando não aceitamos uma pessoa pela sua escolha sexual, quando não respeitamos as crenças religiosas, enfim quando perdoamos os nossos pecados sem trabalhar para superá-los ... Em nada contribuímos para um mundo melhor sem intolerância... E seguimos vivendo num mundo TOLERANTE com gente homofóbica que assassina meninos de 14 anos.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Minha Pesquisa

Acabei a compilação dos dados da minha pesquisa sobre o impacto da novela Caminho das Índias no estigma contra pessoas com esquizofrenia. Agora o trabalho será elaborar tudo para um artigo. 225 pessoas responderam o questionário online e 205 foram os válidos. 98 pessoas declararam ter preconceito contra pessoas com transtorno mental e 86 delas disseram que a novela as ajudou a diminuir seu preconceito. A relevância maior , apontada como o que mais impactou os 86 respondentes, ficou para o amor entre Tarso e Tônia ... Numa outra postagem eu citei Goffman e a sua proposição sobre um dos elementos geradores do estigma ser a crença de que o sujeito estigmatizado não é humano! Começo minha elaboração pensando que Tônia amar Tarso e este amar Tônia apontou justamente para a humanidade do esquizofrênico, visto ser o amor homem mulher algo possível somente entre os humanos. Imagino que isso pode desestabilizado, como discute Goffman, a desumanização do diferente incidindo justo num dos elementos que geram e fortalecem o estigma. Ainda há muito a analisar, mas os resultados prometem belas discussões. Ao trabalho!

domingo, 11 de abril de 2010

Que Ternura!

Vejam a ternura de minha sobrinha recebendo a irmã recém-nascida! São momentos como esse que fazem a vida valer a pena!!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Marcas ...

"Certo dia ela entrou na faculdade... Estudou medicina e se formou encantada com a proposta de ser psiquiatra e trabalhar pela inclusão social. Acreditava que sua motivação vinha de sua trajetória política... Um dia, enquanto estudava, se deparou com critérios diagnósticos de um certo transtorno mental ... E encontrou naquele escrito as características de seu pai. Ela adorava seu pai, mas suas manias exageradas a irritavam. Entendeu ali que tinha um pai diferente... Compreendeu que, de fato, a política cedia sua preponderância à influência de seu pai. Escolhera a psiquiatria por causa dele. Seu pai era difícil, muito difícil, mas cuidava dela. Nunca declinou da sua função paterna. Seu funcionamento complexo, com frequencia, camuflava a dificuldade com ações reveladoras de uma bondade profunda e de um grande senso de responsabilidade. Seu pai também era adorável. Ele deixou marcas fortes em sua vida, especialmente em seu trabalho. Ela cuida de seus pacientes, eles gostam dela. Cada um deles é um pouco seu pai... Faz pouco tempo que ele se foi. E ela sofre. Sente saudades! Até das manias dele que tanto a enlouqueciam! Envolvida nessa inominável dor, de repente ela se encontra com uma certeza: as marcas que ele deixou não se foram com ele. Permanecem vivas e pulsantes. Ela sente que seguirá contando as histórias de seu pai, que ainda irá gargalhar muito lembrando das piadas dele, que continuará com suas próprias manias as quais, claro, aprendeu com ele. Acima de tudo, ela descobre que sabe que enquanto cuidar de seus pacientes seu pai estará com ela... No carinho, na atenção, no afeto, na responsabilidade e na seriedade com que exerce seu trabalho. Influência e herança dele… Sim, ela sabe ... E, dessa forma, a dor segue doendo, mas encontra colo na certeza … Sim, ela sabe... Eu sei!"

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Fênix


"Sabe aqueles dias em que horas dizem nada e você queria um pijama preferindo estar na cama" ... Ela acorda assim há vários dias... Sente que a vida entrou no piloto automático ... Segue apenas porque deve seguir! E lá vai ela em mais um dia desses ... A caminho do trabalho, apenas porque o dever a chama. Ela cuida de muita gente, mas quem cuida dela? Um amigo sempre lhe pergunta ... Sente  angústia,  desânimo e saudade de um amor que se foi e de outro que deveria ter sido mas não foi ... Tenta se acalentar com as coisas boas de sua existência.Tal acalanto muitas vezes funciona, mas nesses dias não ... E ela segue com o peso dos dias sobre os ombros... Chega ao serviço, organiza sua lida, escuta histórias por todo o dia, discute casos, resolve problemas... Sempre encontrou em seu trabalho um espaço de revitalização, mas naqueles dias não. Contudo, ao final de um específico dia algo acontece... Um paciente, uma lesão neurológica, um retardo mental, muitas e muitas convulsões, várias internações... Ela o encontra depois de mais uma dessas situações... Ela espera encontrá-lo mal... Ele a recebe sorrindo e fala seu nome. Pede um abraço ... Ela quase chora ... Pensa naqueles dias em que anda tão sem vitalidade ... Sente inveja - a inveja boa- da capacidade dele de renascer ... Imagina que a força do diferente esteja em ser um pouco Fênix, renascendo sempre das cinzas... Impregna-se de seu poder de Fênix e reage ... Voa junto com ele na direção do abraço ... E acaba o dia mais leve e feliz !!

sábado, 19 de dezembro de 2009

É isso aí, 2010 bate na porta e quer entrar... Que ele traga energia positiva, esperança e sucesso!



"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no
limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e
entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
vez, com outro
número e outra vontade de acreditar que daqui pra
diante vai ser diferente"


Carlos Drummond de Andrade

domingo, 29 de novembro de 2009

Tudo se Resolve com Pílulas?


Como falei numa postagem abaixo, deixei de ser gestora num serviço público e voltei a ser apenas médica psiquiatra em um posto de saúde... Novos desafios se fazem nessa lida. Nunca deixei de atender pacientes, mesmo na gestão. Um bom gestor precisa saber de pacientes para efetivamente intervir na realidade. Assim, estar com pacientes sempre foi parte do meu labor diário... Agora só com eles, vivo a necessidade de promover mudanças mesmo sem o pequeno poder que me era antes delegado pelo cargo que ocupava... As mudanças que poderei promover dependerão apenas da minha capacidade de negociação com meus clientes.
Nos primeiros dias a angústia tomou conta de mim, pois via na maioria das pessoas que atendia os equívocos contra os quais sempre lutei enquanto gestora... Pacientes medicados sem necessidade, buscando na psiquiatria a resolução medicamentosa dos problemas cotidianos... Pessoas com os mesmos problemas há sete, dez, vinte anos e TOMANDO MEDICAÇÃO. Dinheiro público jogado fora, pois a medicação só faz a função de tamponar as questões e dar uma certa idéia de que existe a "pílula da felicidade".  Quando acaba o seu efeito está na hora de tomar a outra dose e assim vai...
Fico intrigada com meus colegas psiquiatras, alguns com bons relatos nos prontuários, pareciam ter escutado os pacientes, mas se resignavam diante de seus discursos de que depois de tanto tempo já não podiam viver sem medicação... Essa resignação produz cronificação e uma legião de dependentes químicos de benzodiazepínicos nos ambulatórios públicos... A gestora que ainda há em mim urge por mudanças embalada pelo compromisso da psiquiatra que quer proporcionar um tratamento efetivo para aquelas pessoas... Estou no começo, mas já conseguimos organizar um grupo terapêutico para os pacientes medicalizados há longa data... Alguns reclamam... Com muita conversa, aceitam a proposta...
Lembro-me da Sra V que veio para a consulta acompanhada do marido. Há mais ou menos oito anos usa imipramina e clonazepan. Muito bem arrumada, unhas feitas, cabelos alinhados não vi nela traços de depressão ou distúrbio de ansiedade que justificassem o uso do remédio. Contou-me fatos tristes de sua vida, falou dos problemas em casa... Ainda assim, nada que caracterizasse ou que já tivesse caracterizado uma doença mental propriamente dita. Reagiu com raiva quando falei sobre redução gradual da medicação e entrada no grupo terapêutico. Como o marido me apoiou voltou-se contra ele e vociferou: Isso tudo Doutora tem a ver que esse bosta, que nem para aquilo serve, nem nunca serviu.  Estão casados há muitos e muitos anos... Contando essa história para o  meu amigo Edmar, também psiquiatra e piadista de carteirinha, ele me disse: Se era para dar remédio, a psiquiatria teria sido muito mais eficaz para a vida dessa senhora se tivesse dado viagra para o marido e não remédio para ela... Verdade verdadeira!! A pílula da felicidade não existe e dar remédio para resolver o que não pode ser resolvido com medicação não traz qualquer felicidade. A minha categoria profissional precisa acreditar mais nisso e assim promover tratamento de qualidade, com respeito ao dinheiro público!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Gente Humilde


Passeando por Oeiras - Piauí - Cidade Patrimônio Histórico vivi momentos fabulosos ao lado dos meus amigos Edmar, Moisés e Alencar ... Como falo na postagem abaixo, viajar pelo Brasil é uma aula sobre o valor da diversidade.
Oeiras é uma cidade linda, marcada pela produção artística, literária e famosa pelo seu Festival de Cultura do qual participamos. Andando por lá me chamou a atenção o clima pacato, a lentidão, os longos bate- papos nas calçadas sem pressa de acabar... Um ritmo tão diferente da metrópole Rio de Janeiro na qual nasci, amo e vivo. Mesmo em pleno Festival de Cultura tudo era calmo. Interessante como a subjetividade da gente tem ritmo... Acho que jamais me adaptaria àquele ritmo e talvez os Oeirenses nunca se adaptassem ao ritmo daqui do Rio... Apesar dessa constatação, confesso que senti uma pequena, leve inveja da tranquilidade daquele povo, de uma relação com a vida marcada pela capacidade de saber esperar... Via as cadeiras na calçada e me lembrava imediatamente da música Gente Humilde do Chico Buarque. Queria entender como eles conseguiam ser assim ... Sei que a vida lá não é só uma feliz tranquilidade, afinal há lugar no mundo onde tenhamos só felicidade? De qualquer forma havia alegria sim, um orgulho Oierense / Piauiense, um valor grande dado às tradições locais e à conversa frente a frente.... Internet, televisão fazem parte da vida da cidade, mas mesmo com elas as cadeiras continuam na calçada. Pensando nisso me deparei com a seguinte cena que gerou a foto acima clicada pelo meu amigo Moisés: uma calçada, três cadeiras de adultos e uma de criança ... Aí eu entendi tudo... A conversa na calçada é tradição de pai para filho e por isso se perpetua... Faz parte da cultura! Eles conseguem manter isso porque se importam em transmitir a experiência, o valor da palavra e da vida de "conversador"... Bonito, não é?
Não quero mudar meu ritmo carioca, pois como já disse ele sou eu, mas gostaria de ter e ver minha cidade, meus conterrâneos, minhas crianças pelo menos um pouco impregnadas do ritmo "converseiro" da gente humilde de Oeiras... Se geraria felicidade eu não sei, mas que traria uma maior ligação entre os sujeitos isso traria... Hoje se fala muito mais por Orkut, facebook, email do que pessoalmente ... Nem conhecemos o vizinho ao lado... Dizem que as cidades grandes têm muito mais para ensinar às cidades pequenas... Mentira! As cidades pequenas também têm muito o que ensinar. Oeiras me deu uma lição!

Gente Humilde - Chico Buarque

Composição: Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes

Tem certos dias

Em que eu penso em minha gente

E sinto assim

Todo o meu peito se apertar

Porque parece

Que acontece de repente

Como um desejo de eu viver

Sem me notar

Igual a tudo

Quando eu passo no subúrbio

Eu muito bem

Vindo de trem de algum lugar

E aí me dá

Como uma inveja dessa gente

Que vai em frente

Sem nem ter com quem contar

São casas simples

Com cadeiras na calçada

E na fachada

Escrito em cima que é um lar

Pela varanda

Flores tristes e baldias

Como a alegria

Que não tem onde encostar

E aí me dá uma tristeza

No meu peito

Feito um despeito

De eu não ter como lutar

E eu que não creio

Peço a Deus por minha gente

É gente humilde

Que vontade de chorar

Eta Brasil Diversidade



Eu estive no Piauí - Teresina e Oeiras. Que viagem bacana. Fomos participar do lançamento do Livro Ouvindo Vozes por lá. Edmar Oliveira - o autor- é filho da terra.
Voltei pensando em peta, potó, capote, bolo frito, matrinchan, bacuri ... Coisa diversa é o nosso Brasil. Cada local tem uma cultura tão própria que uma simples viagem se torna uma lição antropológica que marca para sempre!  O Nordeste brasileiro é uma terra de heróis. O calor imenso, a seca, as enchentes e o povo batalhando, hospitaleiro, super bem humorado, criativo, produzindo artesanato, música, teatro, mantendo tradições folclóricas e preservando a história... Tanto mais e ...Feliz!
Amei e quero voltar! Deixo aqui algumas fotos!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

É Preciso arrancar Alegrias ao Futuro

Hoje acordei pensando nos poemas de Maiakóvski... O poeta me marcou muito ... Conheci seus versos na época da militância política radical, tempos de movimento estudantil. Vladimir Maiakóvski é considerado o maior poeta russo moderno. Ele expressou, nas décadas em torno da Revolução de Outubro, os sentimentos, as contradições, as venturas  e desventuras daqueles tempos de luta, sonhos e muita transformação.

Para manter uma postura de esperança diante da vida, de crença na possibilidade de mudança, de luta pela inclusão de todos e transformação de corações e mentes é realmente preciso, como diz o poeta, acreditar em "arrancar alegrias ao futuro".

Maikóvski não conseguiu esperar o futuro ... Foi-se cedo demais... Contudo, deixou suas palavras que desnudam, ao mesmo tempo, a crueza da vida e a suavidade da esperança... Hoje acordei bebendo nelas e aqui divido com vocês!

“Por enquanto / há escória de sobra. / O tempo é escasso mãos à obra. / Primeiro / é preciso / transformar a vida, para cantá-la / em seguida. / Para o júbilo / o planeta / está imaturo. / É preciso/ arrancar alegria ao futuro. / Nesta vida / morrer não é difícil. / O difícil / é a vida e seu ofício”.



"Dedução : Não acabarão nunca com o amor, nem as rusgas, nem a distância. Está provado, pensado, verificado. Aqui levanto solene minha estrofe de mil dedos e faço o juramento: Amo firme, fiel e verdadeiramente"

DESPERTAR É PRECISO
Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.

Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.

Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.
 
"Nos demais, todo mundo sabe, o coração tem moradia certa, fica bem aqui no meio do peito, mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração"

sábado, 3 de outubro de 2009

O Analista Urbano

Publico aqui uma charge do 1000ton. Grande desenhista e gente muito boa!! Deixem suas interpretações nos comentários.


...