segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Gestando Sonhos

Fazer Gestão Pública exige competência e paciência... Por sete anos e meio fui Gestora e minha era como tal se aproxima do fim... Meu amigo e Diretor Edmar Oliveira chegou ao limite de suas energias, a máquina burocrática e uma boa dose de autoritarismo o levaram à rendição... Não havia como seguir adiante com tanta arbitrariedade... Baixei as armas também... Ambos nos rendemos à impossibilidade dos atravancamentos burocráticos, mas teimosos por natureza ainda acreditamos no sonho da Reforma Psiquiátrica.

Ele lançou um livro lindo "Ouvindo Vozes" ... Ser Gestor para as Pessoas, Gerenciar Sonhos e Ouvir os Sonhos de quem Sonha ... Sobre isso ele escreve maravilhosamente bem. Gestamos muitos sonhos de nossos pacientes... Sair tem sido um processo triste e embora teimosa hoje me vi sucumbida a uma imensa melancolia...

Ao abrir minha agenda me deparei com uma anotação que fiz há bastante tempo atrás: : "Um ano de Helton no Prezunic!" Helton é um rapaz sobre quem fiz uma postagem abaixo ... Um dos muitos clientes cujo sonho de uma vida melhor nós ajudamos a gestar! Um jovem muito adoecido pela psicose, com inúmeras internações psiquiátricas, que foi tratado com afeto e intensidade de cuidado. Ele entrou no nosso Projeto Gerência de Trabalho há um ano atrás ... Integrou-se ao mercado de trabalho com nosso suporte e hoje comemora um ano de emprego com carteira assinada no Supermercado Prezunic.
Minha melancolia se apaziguou um pouco... Dessa " Gestão de Sonhos" a burocracia jamais entenderá, mas também jamais terá o prazer de receber o sorriso que se vê na foto acima ... Minha era como Gestora Pública se vai, mas minha emoção ao ler sobre a vitória de Helton me fez entender que meu compromisso com a "Gestão de Sonhos" fica comigo e vai para aonde eu for!
Parabéns Helton! Publico a foto dele, pois ele mesmo me autorizou. Queria ser visto na internet!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Os Encantos da Maluquice


Andando pela Lapa de bar em bar com meus amigos Edmar e Chico Regueira, nos deparamos com a seguinte cena: um bar minúsculo, um microfone, uma guitarra e dois cidadãos fazendo um show para uma MULTIDÃO de TRÊS pessoas. Com a nossa chegada ficou mais lotado com SETE pessoas... Havia uma magia ali que nos encantou de imediato... Para Ribamar o guitarrista e sua estrela cantora parecíamos ser o maracanãzinho lotado. Tocavam e cantavam plenos de orgulho e sentindo-se celebridades. Havia uma felicidade verdadeira em suas faces, em seus movimentos, em suas músicas bregas, não tão bem cantadas assim... Isso não importava, se apresentavam como genuínos artistas. Ribamar diz que morou na França, quando perguntei em qual local ele se enrolou, disse que só o antigo empresário sabia...

Meu amigo Chico quis cantar e Ribamar deixou... Generoso dividiu sua glória com Chico! Olhando para Ribamar eu me lembrei de muitos pacientes que tratei e que no encontro com essas expressões de arte na rua, acabaram dando certo, do seu jeito... Às vezes um pouco de loucura é bom, inconsciente a céu aberto, menos recalque... Eu naquele palco - se soubesse cantar- me sentiria a última das mortais por ter uma platéia tão minúscula... Ribamar não, se sentia e se portava como Roberto Carlos, o Rei... Convenhamos que tirando o sofrimento da loucura, vale a pena ser um pouco louco! Nós nos divertimos demais com o Rei Ribamar! Ele é show!