terça-feira, 27 de outubro de 2009

Gente Humilde


Passeando por Oeiras - Piauí - Cidade Patrimônio Histórico vivi momentos fabulosos ao lado dos meus amigos Edmar, Moisés e Alencar ... Como falo na postagem abaixo, viajar pelo Brasil é uma aula sobre o valor da diversidade.
Oeiras é uma cidade linda, marcada pela produção artística, literária e famosa pelo seu Festival de Cultura do qual participamos. Andando por lá me chamou a atenção o clima pacato, a lentidão, os longos bate- papos nas calçadas sem pressa de acabar... Um ritmo tão diferente da metrópole Rio de Janeiro na qual nasci, amo e vivo. Mesmo em pleno Festival de Cultura tudo era calmo. Interessante como a subjetividade da gente tem ritmo... Acho que jamais me adaptaria àquele ritmo e talvez os Oeirenses nunca se adaptassem ao ritmo daqui do Rio... Apesar dessa constatação, confesso que senti uma pequena, leve inveja da tranquilidade daquele povo, de uma relação com a vida marcada pela capacidade de saber esperar... Via as cadeiras na calçada e me lembrava imediatamente da música Gente Humilde do Chico Buarque. Queria entender como eles conseguiam ser assim ... Sei que a vida lá não é só uma feliz tranquilidade, afinal há lugar no mundo onde tenhamos só felicidade? De qualquer forma havia alegria sim, um orgulho Oierense / Piauiense, um valor grande dado às tradições locais e à conversa frente a frente.... Internet, televisão fazem parte da vida da cidade, mas mesmo com elas as cadeiras continuam na calçada. Pensando nisso me deparei com a seguinte cena que gerou a foto acima clicada pelo meu amigo Moisés: uma calçada, três cadeiras de adultos e uma de criança ... Aí eu entendi tudo... A conversa na calçada é tradição de pai para filho e por isso se perpetua... Faz parte da cultura! Eles conseguem manter isso porque se importam em transmitir a experiência, o valor da palavra e da vida de "conversador"... Bonito, não é?
Não quero mudar meu ritmo carioca, pois como já disse ele sou eu, mas gostaria de ter e ver minha cidade, meus conterrâneos, minhas crianças pelo menos um pouco impregnadas do ritmo "converseiro" da gente humilde de Oeiras... Se geraria felicidade eu não sei, mas que traria uma maior ligação entre os sujeitos isso traria... Hoje se fala muito mais por Orkut, facebook, email do que pessoalmente ... Nem conhecemos o vizinho ao lado... Dizem que as cidades grandes têm muito mais para ensinar às cidades pequenas... Mentira! As cidades pequenas também têm muito o que ensinar. Oeiras me deu uma lição!

Gente Humilde - Chico Buarque

Composição: Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes

Tem certos dias

Em que eu penso em minha gente

E sinto assim

Todo o meu peito se apertar

Porque parece

Que acontece de repente

Como um desejo de eu viver

Sem me notar

Igual a tudo

Quando eu passo no subúrbio

Eu muito bem

Vindo de trem de algum lugar

E aí me dá

Como uma inveja dessa gente

Que vai em frente

Sem nem ter com quem contar

São casas simples

Com cadeiras na calçada

E na fachada

Escrito em cima que é um lar

Pela varanda

Flores tristes e baldias

Como a alegria

Que não tem onde encostar

E aí me dá uma tristeza

No meu peito

Feito um despeito

De eu não ter como lutar

E eu que não creio

Peço a Deus por minha gente

É gente humilde

Que vontade de chorar

2 comentários:

Edmar Oliveira, disse...

Muito boa matéria. Meus parabéns. Pegastes o espírito de Oeiras...

Anônimo disse...

izLendo a sua postagem me senti viajando por esse recanto tão aprazívelOeiras deve ser aquela cidadezinha, onde todos se conhecem , e se sentem quase da mesma família..Que lugar aco
nchegante deve ser....Adorei!